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Foral aos habitantes de Santa Comba e Treixedo, dado pelo prior Eusébio, abade do Mosteiro de Lorvão, em outubro de 1102.
 

Tradução e notas de Ilídio Trindade 

 

O documento está escrito no chamado "latim tabliónico" tornando-se, por isso, difícil a sua interpretação. Para o tornar um pouco mais inteligível, foram aqui introduzidas pontuações inexistentes no original e o texto latino foi traduzido de forma mais ou menos literal, a fim de facilitar a sua apropriação por parte das pessoas menos familiarizadas com a língua em que foi escrito.

 

© Ilídio Trindade/ Julho de 1985

Consulte as notas no final da página.

1102

 

Em nome de Cristo e Sua graça. Esta é a carta dos costumes dos habitantes ou povoadores das vilas e testamentos do mosteiro de São Mamede de Lorvão, que eu, Prior Eusébio, fiz juntamente com os irmãos do mesmo mosteiro das vilas mencionadas de Santa Comba ou Treixedo, com os seus limites ou proximidades delas, entradas ou saídas, pastagens ou águas, conforme consta nos testamentos destas mesmas vilas supracitadas. Escolhemos, portanto, estas fronteiras como uma norma acordada entre nós, de modo que qualquer pessoa que chegue ou venha para habitar e construir nestas vilas, sem nenhuma mudança de tempo, terá este foral para si e seus descendentes após eles, por tempo infinito. Isto é, em obediência ao mosteiro de Lorvão, ao qual sem dúvida se reconhece testemunho, e do qual aconselhamento e fortaleza surgiram para a aquisição de edifícios e povoadores, e em todos os alimentos que os eremitas estão acostumados a receber, por cada boi contribuirá com dois quartos de comida, sendo um terço de trigo, um terço de centeio e um terço de legumes, mas quem os vier a semear contribuirá com uma medida. Dos monteiros, decidimos que cada um ofereça um lombo de caça. Dos coelheiros, cada um deve fornecer dentro de quinze dias um coelho. De linho e vinho, um oitavo. Nós, irmãos de Lorvão e habitantes dessas mesmas vilas mencionadas de Santa Comba e Treixedo, do território de Viseu, ambos concordamos e confirmamos ambos os costumes. Qualquer pessoa que ousar ir contra isso, seja de nós ou de estranhos, e vier ou viermos a romper o acordo, seja excomungada e tenha participação com Judas, o traidor. Impomos este tributo aos caminhantes ou aos que cultivam a terra, e decretamos que fiquem livres de todos os censos e impostos. Todos os cavaleiros quase sempre são livres. E que se saiba entre nós que se algum habitante quiser sair do povoado para ir voluntariamente para outro lugar, seja nosso ou de qualquer outra pessoa, não terá permissão para o vender, doar ou legar a qualquer parte estranha, exceto e unicamente para o mosteiro ou tributários do mencionado mosteiro de Lorvão. Quem quer que tente herdar de forma violenta ou pelo poder de qualquer senhor será completamente privado de toda a herança e desonrado, e será deserdado em favor do referido lugar sagrado. Este testamento permanecerá inviolável. Nós, o supracitado Prior Eusébio e os irmãos do mosteiro de Lorvão, juntos, conforme a natureza do tempo, estabelecemos e firmemente o entregamos aos governantes da terra ou juízes para ratificação e como confirmantes fizemos estas marcas. Eu, Prior Eusébio, confirmo e faço esta marca + Este acordo ou convenção de foro foi firmado em outubro. Era de MCX, sob o reinado do rei Afonso do reino dos cristãos de Espanha e com o seu genro, o Conde Henrique, governando Portugal e suas regiões vizinhas. Uma delas é Viseu, em cujo território estão localizadas as vilas acima mencionadas, a qual também é governada pelo amável líder Munio Veilaz.

 

     O juiz Ariano conf.

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     Nós, o Irmão Tructesindo e o Irmão Gonçalo, iniciámos e confirmamos, por ordem do nosso predecessor e supradito prior e de nossos confrades, o povoamento eclesiástico desta região. O Irmão Sisnando, também prior, conf. O Irmão Ariano conf. O Irmão Pelágio conf. O Irmão Ramiro conf. O Irmão João conf. Eu, Mido Cidiz, confirmo e ratifico este acordo no foro mencionado de Santa Comba. Godino Cidiz ts.  Pelágio Alvitiz ts.  Pelágio Tanoniz ts.  Ero Toeandiz ts. Alvito Cidiz ts.  Pelágio Vimariz ts.  Árias Gonçalo ts.

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     O Irmão Gonçalo o registou.

NOTAS:

monteiros - aqui não se refere aos guardas de coutos e de montados, mas aos indivíduos que caçavam nos montes.

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coelheiros - caçadores de coelhos.

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lugar sagrado - convento.

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A abreviatura conf. significa "confirma".

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A abreviatura ts. corresponde a testis e significa "atesta".

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