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UM POUCO DE HISTÓRIA...

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     Presume-se que a origem de Treixedo seja muito anterior ao tempo da Reconquista Cristã.

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    O primeiro documento que atesta a existência de Treixedo é uma carta de doação ao Mosteiro do Lorvão, datada de 974, cujo doador é Oveco Garcia. Aí se refere "...que diuidet cum termino de trexete ubi est uia antiqua...". 

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   Nesse documento, a freguesia já nos aparece como uma "villa" rústica de remota instituição e possuidora de uma antiquíssima arqueologia que reporta a existência da população local a épocas pré- ou proto-históricas, pois aí são referidas "arcas", "pedras fitas", "vias antigas", "pedras celadas", etc. A própria toponímia aponta para a antiguidade desta freguesia, pois Treixedo, outrora Traxete, Traxede (séc. X) parece ser um locativo (ou genitivo) composto da raiz do nome de um castro - "Trenium" - mencionado numa carta de D. Afonso Henriques, e o sufixo -edo proveniente de -etu (que significa "botânico") alusivo à abundante vegetação da época em que o topónimo foi aplicado. No entanto, há também a possibilidade de o vocábulo "traxede" significar, nessa época, o "local onde crescem os trexos ou treixos", provavelmente uma variedade de giestas.

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   A origem da "villa Traxete" parece, pois, estar ligada à existência do castro do Trenho que existiria numa das elevações junto às "arcas" e "pedras fitas".      

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   O conde Gonçalo Moniz - assassino de D. Sancho, o Gordo - e sua esposa, a infanta leonesa Mumadona, foram senhores desta "villa". Em documento datado de 981, este doou ao mosteiro de Lorvão a sua "villa" de Treixedo juntamente com o seu mosteiro, possivelmente chamado Mosteiro de Sancta Maria que, se não beneditino, era pelo menos augustiniano, o que nos revela o florescimento da "villa" de Treixedo nessa época.

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   Durante a Reconquista, nos princípios do séc. XI, as invasões de Almançor conquistaram a região e terão sido elas a destruir o mosteiro de Treixedo, ao menos que tivesse sido absorvido pelo mosteiro de Lorvão; mas poucos elementos possuímos dessa data. No entanto, parece que a "villa" estaria despovoada na transição do século XI para o séc. XII, pois em Outubro de 1102, D. Eusébio, Prior do Mosteiro de Lorvão, dá aos habitantes de Santa Comba Dão e Treixedo uma carta de foro e nela chama-as "villas" dos "testamentos de S. Mamede" procurando atrair moradores, uma vez que esta zona fora bastante devastada. Treixedo esteve, assim, praticamente desabitada durante o séxulo XI (devido às invasões muçulmanas) e que o repovoamento foi feito com alguns "cavalleiros" e sobretudo com "peões lavradores", que celebram, individualmente, com os monges um contrato de direitos e deveres, tal como está expresso na "charta moris" ou foral.

 

   Recebeu carta de couto de D. Afonso Henriques (ainda infante) em 20 de Março de 1133. Esta carta é um documento a demonstrar uma vez mais a abundante arqueologia existente em Treixedo, bem como a existência do "castrum Trenium". Nessa carta é também evidente a vastidão do couto de Treixedo, já que compreendia, no mínimo as atuais freguesias de Treixedo, S. Joaninho e Couto do Mosteiro (nome este que se refere precisamente ao couto de Treixedo do mosteiro de Lorvão).

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   Em 1253, D. Pedro Gonçalves, bispo de Viseu, fez uma concordata com a abadessa de Lorvão sobre o que a igreja de Treixedo devia pagar de "reconhecença" à catedral, da qual tinha recebido a mercê de isenção da "terça pontifical".

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   Resultante da reforma Manuelina dos forais, mas não no sentido de autonomia dos municípios, em 16-03-1514, D. Manuel concedeu a Treixedo a sua carta de foral.

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   A antiga Vila de Treixedo tinha, ainda no séc. XVIII, juiz ordinário dos órfãos, câmara, pelourinho e cadeia (de que apenas se sabe que se situava no atual Largo de S. João). Foi também por esta altura que foi abandonada a antiquíssima igreja primitiva (com o orago de Santa Maria), num vale ameno, ao sul da povoação, onde hoje se encontra a residência paroquial, e onde outrora terá existido, até ao séc. XI o mosteiro de Treixedo, pois ainda no séc. XVIII a abadessa do Mosteiro de Lorvão apresentava o prior com 800 ou 900 mil réis de rendimento.

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   Treixedo foi vila e sede de concelho (Concelho de Treixedo), embora não se saiba quando foi elevada a esta categoria. Em 1836 foi extinto o concelho de Treixedo e integrado como freguesia no concelho de Santa Comba Dão.

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     Em 4 de Junho de 1837, Nagozela, até então pertencente de Tondela, foi integrada na freguesia de Treixedo.

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   Pela lei n.º 40/84, de 31 de Dezembro de 1984, a freguesia de Treixedo deixou de integrar a povoação de Nagosela que se constituiu como freguesia autónoma, passando a atual freguesia de Treixedo a abranger os lugares de GRANJAL (onde existem águas termais), PÓVOA DE JOÃO DIAS (outrora, Póvoa das Barcas ou, ainda, Póvoa das Carvalhas) e TREIXEDO.

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   Nos últimos anos, especialmente nas três últimas décadas, o aglomerado habitacional tem-se expandido fortemente, tendo vindo a dar lugar a novas zonas residenciais, como os Amainhos, o Vale Dianteiro, a Azenha, a Pedra-da-Sé e o Ramal, entre outros.

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   No início de 2013, pela lei n.º 11-A/2013, de 28 de janeiro (entretanto revogada), que deu cumprimento à obrigação de reorganização administrativa do território das freguesias constante da lei n.º 22/2012, de 30 de maio, Treixedo e Nagozela voltaram a "unir-se", agora com a designação de União das Freguesias de Treixedo e Nagozela.

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   Dos edifícios mais icónicos de Treixedo destaca-se a Igreja Matriz, dois solares particulares, num dos quais está edificado o Torreão, e o passadiço de uma casa particular na Rua do Barreiro. 

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© Ilídio Trindade/ Julho de 1985

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